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sexta-feira, 24 de maio de 2013

Espelho Sujo




Olhando para o espelho mais uma vez,
prometo a mim mesma que será a ultima vez, por hoje.
Encaro meu reflexo no espelho, tento sorrir
a imagem parece distorcida demais para mim.
Toco o meu cabelo, minha imagem imita meu ato
Uma lágrima cai por meus olhos
gostaria de ter uma face diferente.
Meu reflexo me olha com humildade, tristemente
minha mão toca o espelho gelado, nossas mãos se tocam
O mesmo velho sentimento de vazio me invade.
Julgando a mim mesma como em todas as outras vezes
grito para meu reflexo: onde minha beleza foi parar?
De quem é este corpo que não é o meu?
Uma mente brilhante, com sentimentos de luxúria
preso a um corpo doente que não gosto ou reconheço.
Desvio meus olhos com ódio, a mesma raiva já conhecida.
Todos os dias me olho nesse espelho esperando
talvez que outros olhos me olhem de volta
Mas continuo aqui, hoje, presa a mesma realidade.
Não é justo, mas eu vou continuar fingindo que não me importo.
Estapeando meu próprio rosto sinto as lágrimas frias
caindo de meus olhos, estou envergonhada.
Me sinto prisioneira desse espelho, prisioneira dessa realidade
que me reprime, que me diminui, que me ofende
E eu caio no chão frio, sem forças para continuar a luta
que eu sei que acabará perdida, pois o espelho emite apenas
o reflexo do monstro que vive no meu lugar.
Me refugiando da realidade, eu me escondo em sonhos
onde sou mais do que essa deficiência deprimente,
mais do que um defeito, uma mancha, um erro.
Longe do espelho eu liberto minha mente
e mesmo que seja por apenas alguns segundos, eu posso
ser eu mesma, sem medo, sem restrições.
Mas o segundo dura apenas um segundo
A verdade é que estou presa a esse espelho
da mesma forma que estou presa a este corpo, a este rosto
Uma borboleta presa eternamente a um casulo
com uma mente vívida que nunca pôde viver.
Meu reflexo reflete o espelho sujo
minha imagem distorcida é a triste imagem da realidade
esta da qual jamais poderei escapar.

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