Pesquisar este blog

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O Cruel Querer



"Oque importa afinal, viver ou saber que estamos vivendo?"
Eu não sei a resposta, acho que poucos sabem e mesmo que souberem
do que adianta? Saber as respostas e conhecer palavras para descrevê-las
não mudam os fatos. E os fatos são que estou cansada, todos estamos.
Acho que não vivo mais, na verdade acho que vivo a muito tempo
isso se algum dia eu cheguei a viver.
Afinal oque estou fazendo? Porque ainda estou respirando?
Não tenho motivos para existir, não tenho significados, eu apenas existo
sem razões, sem esperança apenas dor e medo.
E quando as lágrimas não forem mais suficientes para aliviar a dor?
E quando não for apenas mais uma noite e sim todas as noites de dor
e desespero? Me diga, como posso sobreviver a isso?
Eu não quero morrer mas também não tenho motivos para viver
eu perdi todas as lutas contra o meu destino, estou quebrada e ninguém
pode me consertar.
Eu fico todos os dias tentando me fazer acreditar que talvez no futuro as coisas
melhorem, mas eu não sei se eu terei um futuro. Eu só enxergo cinzas.
E não importa quantas vezes eu corra e me esconda dentro de mim mesma,
não importa quantas vezes eu mergulhe em minhas fantasias.
Mesmo que isso alivie a dor, mesmo que seja bom naquele instante
ao acordar eu sei que tudo não passou de uma farsa. Estou vivendo uma mentira.
No entanto não é a dor, ou o medo, ou a tristeza que atormentam,
não é o fato de não ter ninguém ao meu lado, de estar sempre e completamente
sozinha. Não é o fato de chorar e não ter ninguém para limpar minhas
lágrimas, não ter um ombro amigo, uma mão para segurar.
Não é o fato de não ser amada, de não ser necessária,
Oque me atormenta é o desejo cruel que queima dentro de mim.
Nada tenho e muito desejo, um amor, um amigo, uma familia, um pai, uma vida..
Desejo como se fosse humana, como se fosse digna, como se me fosse
dado esse direito. Desejo coisas, desejo momentos, pessoas
E as vezes eu chego a acreditar que sou boa o bastante, mas é mentira
Eu não sou boa o bastante, eu não sou digna e não tenho o direito de desejar.
Partindo do momento em que reconheço isso, oque devo fazer para parar?
Como interrompo esse processo de querer dentro do meu coração?
Eu não tenho nada e tudo oque sinto é isso, não existe razões ou significados
não existe sequer um paraíso no qual eu possa me perder.
E eu poderia correr, me esconder ou chorar e gritar, mas nada adiantaria
porque já fiz tudo isso.
Numa noite pior do que as outras eu gritei e chorei, eu me escondi e
corri e depois chorei novamente até cansar e adormecer sobre o travesseiro
molhado de lágrimas e ainda assim quando acordei o sol estava brilhando
no céu como se nada tivesse acontecido. E a vida continua de alguma forma.
E esta é apenas mais uma dessas noites difíceis e eu sei que amanha o sol
nascerá, eu sei que amanha terei que me levantar e continuar só que eu
não quero mais continuar, eu não quero tentar, eu já sofri demais.
As noite difíceis terminam e outros dias começam e eu novamente me
levanto e faço aquilo que tenho que fazer. É assim que tem sido, só que
a cada noite difícil eu perco um pouco mais de mim mesma, a cada noite
eu me afasto mais da esperança, eu me afasto do medo e caminho em
direção do fim que para mim é tão desejado e atrativo.
E as vezes eu me pergunto: Como o sol pode ainda brilhar?
Se o céu refletisse oque sinto dentro de mim todos dias seriam nublados,
todos os dias choveriam, e depois de uma noite difícil sequer amanheceria.
Sim, eu sei que escrever tudo isso não muda nada, eu sei que eu deveria
lutar para conquistar alguma coisa, eu sei que preciso me levantar.
Eu escuto os ecos da minha infância sussurrando sobre coragem e esperança
só que eu estou cansada demais para tentar, eu perdi todas as minhas
lutas, estou despedaçada, desfeita, sozinha..
Eu queria que fizesse alguma diferença escrever, eu queria que de alguma
forma essas palavras pudessem me curar mas isso não vai acontecer
Nada resta para mim além da dor, das lágrimas e do desejo
E eu desejo que tudo termine, que a dor cesse e o sol nasça para mim
uma última vez.


Nenhum comentário:

Postar um comentário