Tudo começou a quase 2 anos atrás quando voltava de São Paulo
e no ônibus vi uma garota vestida de preto, coturno, cabelo preso
num rabo de cavalo; as costas da camiseta dela possuía um palhaço
e um nome: Lacrimosa. Me lembro de invejá-la, ela era linda e eu
queria ser como ela. Outro dia no shopping vi outra garota com uma
camiseta com o mesmo palhaço e o nome Lacrimosa, na camiseta
havia uma mulher montada num cavalo, rodeada de fogo.
Pensei por um momento que fosse Amy Lee, afinal Evanescence
tem uma música chamada Lacrimosa, baseada no réquiem de Mozart.
Eu pesquisei e descobri uma banda, vi o vocalista, um homem estranho.
Baixei uma música cujo o nome me agradou: Sacrifice. Ouvi, não
gostei e por um ano inteiro me esqueci que aquilo me interessava.
Então passado um ano, em janeiro de 2012 por algum motivo,
talvez uma imagem gótica que eu tenha visto na internet com a
tradução da música Tranen Der Existenzlosigkeit, lágrimas de
existência, dizia a tradução. Aquela banda continuava a me assombrar
e por algum motivo eu fiquei intrigada e baixei a musica, a mesma
que ouço neste momento em meus fones de ouvido.
Uma música estranha, triste e sombria. Aquele som me envolveu em
sombras, era uma sensação que nunca antes havia sentido, era bonito
e acolhedor. A voz grave cantava numa língua completamente
desconhecida os sentimentos que eu conhecia tão bem, dor e medo.
Pesquisei novamente na internet a música havia sido feita no ano de
meu nascimento: 1991. Baixei o album completo chamado Angst
que traduzido para português significa: Medo. Eu conhecia aquela palavra.
Ouvi a primeira música, Seele In Not, alma em perigo.
Era assustadora, os gritos de almas eram aterrorizantes, me encheu de
medo, fiquei assustada com os gritos do homem, Tilo Wolff.
No entanto a letra era linda, falava tudo oque eu sentia em relação a
minha vida, minha existência e minha alma.
Ouvi outra e outra, baixei outro album e outro mais e as musicas
eram tocadas e cantadas como que refletindo cada sentimento oculto
em meu coração: amor, ódio, medo, tristeza.. tudo naquelas músicas.
Lentamente fui conhecendo melhor o homem por trás daquelas palavras
e sim ele era diferente, ele era estranho, era desconhecido para mim.
No entanto ele mudava com o passar do tempo, moderno e antigo
tal como um Drácula de filmes a tempos esquecidos; ele era bonito
e aos poucos eu percebia que seus modos abriam portam e quebravam
barreiras em minha mente. O gótico não podia ser apenas feminino,
e o masculino era incrivelmente atraente e tal como ele disse:
Dia após dia, como uma criatura de luz ele se tornava minha sombra,
ele estava comigo aonde quer que eu fosse, ele era o silêncio,
o medo da minha alma, a mentira, a perda da minha dignidade.
Ele era a luz e dia após dia ele fluía através do meu coração.
E faz 11 meses hoje que eu o conheci realmente, quase um ano e nesse
ano ele me deu palavras que eu nem sabia que precisava, ele pegou
cada sentimento confuso em meu coração e transformou em música,
em lindas poesias e obras de arte.
Lacrimosa se tornou meu refúgio, quando não sei oque dizer, quando
não sei oque fazer eu me escondo em sua voz, me deito no colo de
suas palavras e derramo as lágrimas, que como ele mesmo disse,
refletem o meu coração.
Eu não tenho palavras bonitas o suficiente. Eu, ao contrário de Tilo Wolff,
não sei fazer poesia. Mas meu coração diz por mim tudo oque
preciso dizer. Eu amo Lacrimosa.
Não amo agora de repente, não amei assim que o conheci; levou tempo,
levou confiança, levou compreensão e aqui estou hoje fazendo uma
declaração do amor recém descoberto e enquanto isso Tilo Wolff
canta em meus ouvidos sua nova canção, lançada em 7 de setembro
desse ano, ela se chama Refugium.
Eu queria dizer muito mais, eu queria que fosse suficiente, mas acho que
devo encerrar com as palavras do próprio Tilo Wolff:
"Aqui tudo é bonito e a vida perde a sua dor, você irradia sua beleza
e em suas lágrimas reflete o seu coração..
Eu estarei sempre aqui.. em você"
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