Os Corvos

A morte está lá fora em minha janela à minha espera
e todas as vozes já se calaram esperando pelo momento do fim
As sombras dançam à minha volta uma melodia lírica
os céus choram uma despedida de lágrimas geladas
Minha sepultura já foi cavada e os corvos sobrevoam os céus
Este é o meu fim? Chegou mesmo a hora? Tão cedo!
Me olho no espelho, minha pele está mais pálida do que nunca
o luto que visto é sensual e bonito, será ele capaz de
resistir as tristes marcas do vagaroso passar do tempo?
O coração bate incessante em meu peito, tenho medo
mas uma parte de mim está em completo clamor mudo,
Estou feliz, finalmente realizarei o tão sonhado momento
me entregarei a escuridão que me rodeia e serei finalmente livre.
Tento não olhar para trás, não sobrou muito de minha vida
mesmo, nada além de paginas rasgadas de antigos diários
não existem grandes acontecimentos, nem grandes perdas
tão pouco grandes amores, nessa amarga contenta só
oque sempre existiu foi a solidão e o desejo cruel
Lá fora eu observo os corvos impacientes que me observam
seus olhos vorazes me olham com pena e em minha cabeça
seus pensamentos reverberam, palavras de anseio..
Eles dizem: Venha para nós, liberte-se desse mundo
seja finalmente livre do seu cruel destino.
Venha para nós, eles dizem, assuma o seu coração negro,
seja aquela que você nasceu para ser.
Eu fecho meus olhos e me deixo levar pelo canto dos corvos
o fim agora está tão próximo, eu sigo meu coração e canto:
Estou indo para junto de vocês, seguindo meu coração de corvo
eu deixo que vocês sejam meus mensageiros do mal.
Libertem-me, salvem-me, levem-me, arrastem-me..
Eu caio lentamente no desfalecimento agridoce, a morte
está finalmente ao meu lado e a dor de toda uma vida se
tornou cinzas que evaporam aos meus pés..
Agora eu sou fumaça, agora eu sou pensamente, agora eu sou real.
Os corvos voam sobre minha sepultura e cantam uma
melodia de triunfo quando a ultima rosa negra é plantada
delicadamente junto á fria lapide onde agora jaz o meu nome.