A última vez que escrevi aqui pensei que fosse um recomeço,
que de alguma forma eu conseguiria manter o mesmo ritmo de postagens
que mantinha antigamente. Tolice minha, nada mais é como antigamente.
As palavras não fluem mais, os dedos não digitam com a mesma
rapidez de antes, as lágrimas não caem com a mesma facilidade.
Isso não quer dizer que eu não sinto, eu sinto sim e sinto muito.
Só não consigo mais colocar tanta coisa pesada e dolorida em palavras
sejam elas bonitas ou não.
Eu não sou uma escritora. Eu queria ser uma, mas não levo jeito.
Escrever antes era um ato de misericórdia, escrever para não enlouquecer.
Hoje escrevo por persistência, por teimosia.
É difícil aceitar que no fundo não somos bons de verdade em nada.
Tenho muito para dizer, muito para expressar, mas nenhum talento.
Bem, eu tenho um talento específico, tenho talento em me sentir
uma merda o tempo todo, sou muito boa em sentir pena de mim mesma,
sou melhor ainda para criar fantasias em cima de absurdos.
Ah, se faz de conta fosse obra de arte, eu seria uma artista.
Quando criei esse blog eu escrevia como se alguém realmente
fosse ler todas essas baboseiras, hoje escrevo em um ato quase ridículo
para dizer a mim mesma que essa é provavelmente a ultima vez
que estou escrevendo aqui.
Eu queria poder transformar esse nó na gargante em poesia,
eu queria poder transformar os soluços sufocados no travesseiro
em música, eu queria poder sentir que encontrei de alguma forma
a importância almejada, acredite, eu tentei, mas não consigo.
Minha linda tristeza nada mais é do que uma doença que não
consigo curar, o gótico que almejo é apenas uma roupa que não me
cai bem, os amigos nunca vieram e as músicas já não são mais as mesmas.
A realidade feia só se torna bonita quando escrita de forma bonita,
mas eu não sou Bukowski.
Então é isso? Adeus?
Provavelmente.
Confesso que de tempos em tempos dou uma espiadela nas baboseiras
que eu queria que fosse poesia escrita aqui. Eu espio, relembro como
eram as coisas 6 anos atrás, choro...
Isso não vai mudar, a menos que o Google decida apagar esse blog inútil
continuarei espiando.
Dentre todas as pessoas que conheço, sou quem mais dá valor
a maldita nostalgia.