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domingo, 20 de julho de 2014

Questões




Como encontrar as palavras certas para dizer
Que o tempo passa, a vida segue e os sonhos..
Ah os sonhos! Os sonhos continuam.
Como encontrar as palavras certas para dizer
Que a historia precisa ser contada,
Que a realidade precisa ser enfrentada e a dor..
Ah como dói! A dor nunca cessa.
Parece a mim que estamos todos presos
Presos de alguma forma a um ciclo vicioso
Por mais que tentemos mudar as coisas,
É como se existisse uma força puxando para baixo.
E afundamos, e caímos.
Como encontrar as palavras certas para dizer?
Quais palavras descrevem tais coisas?
Procuramos por inspiração, tentamos fugir dos clichês
Mas no final tudo volta a mesma velha pergunta: Porque?
As vezes tudo oque precisamos é de uma mudança,
Esperamos por essa mudança e realmente tentamos
Mas quando nos damos conta tudo continua igual.
É quase como se nada que fizéssemos pudesse
Mudar o curso desse destino que teima em traçar
Caminhos tão tortuosos e cruéis.
E então nos perguntamos: Para quê?
Do que vale tanta dor? Do que vale tanto medo?
Porque precisamos sofrer tanto? Para que tantas provações?
Estamos mesmos servindo a algum propósito maior?
Somos mesmos capazes de mudar a nossa história
Ou tudo não passa de uma grande fantasia?
Afinal quais as palavras certas para trazer a tona
Toda a magnitude dessa pergunta?
Será mesmo que alguém se importa o suficiente para
Querer respondê-la?

terça-feira, 15 de julho de 2014

Insônia




Fusos horários, mapas de lugares desconhecidos
Cabeça cheia de maus pensamentos, bolsos cheios de oportunidades perdidas.
Volto para casa? Durmo fora? Agora é tarde demais.
Acabou-se o tempo de reação, o tempo fechou, estas são as minhas últimas palavras.
Eu sou a última a fazer sangrar as mesmas velhas feridas
Eu iria embora de casa, ficaria fora o maior tempo possível.
Eu sou a única sombra a ainda vagar por esses becos,
no meu coração existe uma luz que se apaga e desvanece com o tempo.
Deixemos que o fogo queime pelo maior tempo possível.
Eu pego o último trem e percorro toda essa distancia novamente,
ao chegar em casa o cobertor cobre a cabeça para esconder as lágrimas.
Você aparece em minha mente, tento bloqueá-lo mas é tarde demais.
Você grita tão alto na minha cabeça e faz tudo girar, eu tento te esquecer mas isso não funciona.
Eu permaneço acordada além de qualquer ajuda. Oque eu deveria fazer? Você me tira o sono.
O silêncio me amedronta, me rasga em pedaços. Conto as horas até o amanhecer, mas eu nem sei porque. Oque mais pode acontecer? Estou além de qualquer ajuda.
Oque eu posso fazer? Você me tira o sono.
Meio noite, cinema mental, o filme é eu e o 'porque',
meus pensamentos me levam através de imagens e sons,
um projetor que funciona tão cruelmente bem.
As fotos na parede do quarto faz o papel de me fazer lembrar de você.
Sua sombra ainda esta aqui e ela se projeta na parede através de aberturas escondidas.
O filme continua passando, as fotos diante de meus olhos
e as nossas músicas são zumbidos que  me mantém acordada.
Meu corpo quente, quase febril, minhas unhas arranham o lençol.
É o medo da noite, é oque ela faz comigo.
Você grita tão alto na minha cabeça e faz tudo girar, eu tento te esquecer mas isso não funciona. Eu permaneço acordada além de qualquer ajuda. Oque eu deveria fazer? Você me tira o sono.
O silêncio me amedronta, me rasga em pedaços. Conto as horas até o amanhecer, mas eu nem sei porque. Oque mais pode acontecer? Estou além de qualquer ajuda.
Oque eu posso fazer? Você me tira o sono.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Uma Copa do Mundo, Um Sonho Nunca Realizado e Uma Nação, Um Orgulho Que Nunca Será o Nosso.





Então tudo começa com euforia, com um carinho que você simplesmente não sabe de onde vem. Você procura as respostas mas aquelas que aparecem são patéticas demais para serem aceitas, então tentamos deixar as perguntas de lado. Queremos aproveitar, de alguma forma, essa festa que invade o país, que invade as cidades, as ruas e as casas. Copa do Mundo. Nunca paramos para pensar em futebol, isso porque nunca foi relevante, nunca teve espaço nas nossas mentes porque essas sempre estão tão encantadas com sonhos impossíveis. E parece inocente, parece simples, parece normal. Mas nada é realmente normal e tudo para nós tem que ser muito intenso e com um significado muito profundo. E como é profundo esse significado, vem das questões mais tristes, das raízes mais fundas, dos piores problemas, das intermináveis desilusões, do medo, da vergonha, da incredulidade, do sonho que ainda persiste e de um desejo que nunca cessa. Começa-se o grande torneio de craques e feras do futebol mundial. Não pensamos no Brasil, porque esse não vive dentro de nós. Pensa-se naquela pátria longínqua, naquele país distante do outro lado do oceano, país de pessoas diferentes, de cultura diferente, de realidade diferente. E como é lindo esse país, como é bonita as cores de sua bandeira, como é sombria e poderosa sua história e passado, como é maravilhosa sua língua e encantadora sua música. Alemanha. Terra dos favoritos, terra dos nossos queridos, terra dos alemães que colocamos num patamar tão alto por serem tudo aquilo que tem valia em nossa vida. Ah querida Alemanha, Deutschland como é chamada por seu povo, decidimos abraçá-la como nação e torcer como fãs da beleza e da incrível força com que veio seus guerreiros lutando por seus direitos. Torcemos em todos os jogos, do primeiro ao último, sempre com o coração na mão, com grito na ponta da língua e com um orgulho que não deveria ser natural para alguém que não pertence a essa pátria. Muitos criticaram, olharam frustrados quando a poderosa Alemanha enfrentou o fraco anfitrião. Deverias torcer para teu país, foi oque disseram, mas como se escolhe torcer? Não é um ato escolhido pelo coração? E torcemos, mesmo que não soubéssemos ao certo quem eram aqueles garotos, alguns já homens, quem eram eles? Não importou muito, aos poucos nos encantamos por eles, aprendemos seus nomes, aprendemos até mesmo a função de cada um em seu time, e eles deram para nós uma lição de futebol que só se aprende com mestres, ensinaram que com competência se chega sempre vitorioso. Como não se encantar? Pela primeira vez estávamos encantados com uma nação, com seus patriotas, com seu estilo de vida muito acima da média da vida vivida aqui nos confins da terra. Nós torcemos pelos jogadores sim, mas acima de tudo pela nação. E é claro que o carinho cresce dentro do peito quando acompanhamos de perto meninos que vieram de tão longe em busca de um sonho e que deram tudo de si. Como poderia ser diferente com tamanha simpatia e respeito e carisma de sua parte? É verdade que alguns nomes se destacaram, claro que o coração e a imaginação acabam em algum momento imaginando e fazendo aquela perigosa pergunta:  ' e se..?' Mais nunca passou do limite, olhávamos admirados para aqueles meninos e acima de qualquer coisa oque vinha na cabeça era amizade, era a vontade de pertencer aquilo tudo. E aqui o problema vindo dos fundamentos se atenua, aqui tudo fica complexo e a dor se torna tão cruel. Todo o tempo torcemos, todo o tempo esperamos pelo melhor como se pertencêssemos aquilo tudo. E queríamos poder dizer que pertencíamos, ouvimos comentários vindos das pessoas que penso que, se elas soubessem o quanto eles atingem uma ferida tão profunda, jamais fariam tais comentários. Diziam: Tu não pertences aquele mundo. Tu não é uma deles. Pegue tuas tralhas e parta com eles. Ah como eram maldosos os comentários. Como doía ter de ouvir tais palavras com tamanho veneno e tamanha maldade. Mas resistimos, persistimos no sonho de assistir, mesmo que de tão longe, a concretização do sonho deles. Torcemos e choramos até o último jogo, e como foi difícil aquela guerra de inimigos cruéis que atacavam por todos os lados, de soldados feridos em batalha que ainda assim não aceitavam abandonar a luta porque era inaceitável a ideia de perder a guerra. Afinal foi uma guerra, uma guerra de culturas diferentes que se chocavam dentro de um campo de futebol, uma guerra com soldados caídos e machucados, uma guerra de sangue, de suor e por último de lágrimas.  Mas como eram orgulhosos esses alemães, não choravam na dúvida, engoliam o medo e eram frios em todos os momentos, até que veio a vitória, e mesmo o soldado mais veterano não conteve as lágrimas, na explosão de fogos de artifício onde o cristo redentor se tornou preto, vermelho e amarelo aqueles meninos desmoronaram em lágrimas de orgulho, de felicidade e de realização. O troféu foi erguido com orgulho e tudo foi tão lindo quanto nós imaginávamos que seria. Observamos até o último minuto que nos foi permitido e então se foram. Os soldados se retiram com suas famílias e amigos e celebram a felicidade de uma nação. E então a ferida começa a sangrar, e como dói a dor de tal ferida. Dói tanto que precisamos fugir dentro de nós mesmos, precisamos esconder a dor, esconder as lágrimas porque quem poderia entender os motivos? Dói muito mas as razões de tal ferida se forem pensadas, se forem balanceadas abrirão muitas mais feridas. Porque é tão profundo? Ah como queríamos ser capazes de saber, como queríamos poder amortecer a dor, ou melhor, nunca mais sentir.  O sentido de todo o sofrimento talvez nunca seja ao todo compreendido, mas tentamos, lutamos, e chegamos a uma simples e pequena conclusão: Queríamos ser como eles. Queríamos falar a língua deles para poder expressar a eles o nosso orgulho. Queríamos poder, acima de tudo, partir com eles para Berlin e celebrar junto de milhares a realização deles. Queríamos muito mais do que estar lá, de poder ir com eles para lá, queríamos e ainda queremos e sempre iremos querer ser como eles. Alemães como eles.   Mas como se resolve essa triste questão? Não, ela não se resolve e nada pode ser feito, nada além de esperar que os dias passem e que o desejo, que essa vontade cruel, não desapareça, porque isso não vai acontecer, mas se torne um pouco mais suportável. Esperamos que os dias passem e que eles tragam a monotonia de volta encobrindo esse sonho que jamais morrerá, mas que o esconda, que o enterre debaixo de outra fantasia, talvez uma que seja menos dolorosa por ser menos real.. como se essa fosse real! Ontem a Copa do Mundo terminou gloriosamente, são campeões aqueles que deveriam ser, que mereciam ser. E hoje, as exatas quatro horas da tarde eles embarcaram e decolaram rumo a sua pátria, rumo ao seu povo, rumo ao seu destino. E nós ficamos aqui, permanecemos aqui, com o coração na mão, com uma tristeza tão profunda que é difícil de se explicar, com lágrimas nos olhos, com medo do futuro, com a certeza de que existe vida a ser vivida, mas não para nós. Hoje eles se foram e dizem que jamais esquecerão o Brasil. Bom, nós com toda a certeza do mundo jamais os esqueceremos, os motivos, nem sabemos porque. Talvez seja o sorriso, talvez seja o carisma e o carinho, ou talvez seja simplesmente por serem tudo aquilo que nós sempre desejaremos ser.  A certeza e a conclusão de um texto com tantas palavras é essa: Eles chegaram, encantaram e partiram. Nós nos encantamos, nós torcemos com todo o coração, e hoje com o mesmo coração que sangra os observamos irem embora para o lugar dos nossos sonhos, aquele lugar, aquele pedacinho de terra onde nunca conseguiremos colocar nossos pés, aquele lugar sagrado, aquele sonho intocável que jamais realizaremos. Nunca sairemos daqui, estamos presos a este mundo, a este país. Somos Brasileiros, mas não com orgulho e muito menos com amor. Sim, somos brasileiros, mas o Brasil não vive dentro dos nossos corações, não escolhemos a quem amar, oque sonhar e oque desejar, o coração tem pensamento próprio, ele decide por si só e o nosso coração escolheu ser alemão. Não sabemos porque, se acreditássemos  em vidas passadas diríamos que é pelo fato de termos sido alemães alguma vez. Talvez seja simplesmente porque aquele país representa tudo aquilo que admiramos e desejamos. Talvez. No fim fica a certeza de que a vida é injusta. De que alguns são grandes e outros tem a grandeza imposta a eles. Nós apenas observamos enquanto vivem, admiramos o mundo, admiramos a Alemanha em silêncio como que numa vitrine do mesmo jeito que uma criança admira um brinquedo numa loja sabendo que seu nunca poderá tê-lo. Seja como for, nós, trazemos a Alemanha dentro do coração, ela vive dentro de nós, mesmo que nós nunca possamos um dia viver dentro dela. Nós.. Eu, meus sonhos, minha tristeza e minha eterna solidão.